domingo, 19 de outubro de 2008

E o ABC ganho do São Caetano!

Neste sábado, 18 de outubro de 2008, fui ao estádio "Frasqueirão" com a minha mulher para assistir ABC de Natal contra o São Caetano, de São Paulo.

O ABC ganhou, de virada, por 2 a 1. Mas o que quero discutir não diz muito respeito ao jogo em si, mas aos acontecimentos que o cercam.

Primeiro, o caminho até o Frasqueirão. Da minha casa até o estádio o percurso deve ter não mais de 10 quilômetros, o que normalmente levaria 15 a 20 minutos para serem percorridos. No entanto, devido ao trânsito cada dia pior na cidade de Natal, demoramos cerca de 45 minutos para chegar ao estádio. Até aí tudo bem, eu já tinha ido antes a vários jogos e sabia que tal demora aconteceria, portanto saímos de casa uma hora antes da hora de início da partida.

Ao chegar ao local, deixamos nosso carro no estacionamento ao lado do Frasqueirão, ao custo de R$ 5. Algo também nada extraordinário, totalmente aceitável. Caminhamos um pouco e chegamos ao estádio. Logo na saída do estacionamento existe uma bilheiteria e um portão de acesso, no entanto a bilheiteria está fechada. Tudo bem, vamos para a bilheiteria principal, do outro lado do estádio. Na fila para compra de ingressos para as arquibancadas com valor integral apenas algumas pessoas, uma 4 ou 5, no entanto, na fila para compra do ingresso para arquibancadas para pessoas com meia entrada, os estudantes, não menos de 30 pessoas.

Ora, em todos os jogos que prestigiei o time alvi-negro esta cena se repete, então por que motivo não são adotadas medidas para reduzir o tempo de espera na fila de estudantes? Apenas 2 caixas atendem a todas estas pessoas, enquanto outros 4 caixas atendem a demanda restante, que é significativamente menor. Alô diretoria! O mínimo que se pode fazer é pôr um caixa a mais para atender a maior demanda.

Compro os nossos ingressos, meu e de minha esposa, com valor integral, pois não somos mais estudantes. Mesmo que um de nós tivéssemos posse da carteira de estudante, eu pagaria o valor integral apenas para não esperar na fila, já que o jogo estava prestes a começar. A outro opção seria comprar de um cambista, mas isto é algo que nunca faço e recomendo a todos de não o fazerem, para disseminar este mau.

Eu passo tranquilamente pela catraca eletrônica mas o ingresso de minha esposa não funciona... Ok, chama-se um técnico e este abre a catraca e cede a passagem para minha esposa. O estádio está quase cheio. Passamos à frente do módulo IV, recém construído e nos acomodamos próximo á "frasqueira", no lado mais próximo ao ataque no "mais querido".

Até o início do jogo, todos ao nosso redor estão sentados, mas basta a bola rolar para que a maioria dos torcedores fiquem de pé. Alguns esboçam gritos de "senta aí!", que são prontamente ignorados. Neste ponto eu concordo. Torcedor que quer assistir ao jogo sentado compra ingresso para o setor de cadeiras. Vamos todos junto assistir de pé.

Logo na nossa frente, uma mãe e suas filhas, presumo eu. Duas crianças bem simpáticas. Penso eu: "gostaria que minha filha também estivesse aqui". Próximo a elas dois torcedores um pouco mais exaltados, fanáticos pelo alvi-negro. O jogo começa um tanto tenso. O ABC comparece mais ao ataque mas perde duas boas chances de gol, o que levam nossos amigos torcedores fanáticos esbravarem alguns xingamentos, o que me faz pensar: "ainda bem que não trouxemos nossa filha". Alguns minutos depois, gol do São Caetano. Nesta hora é possível ouvir um silêncio que incomoda meus ouvidos. Por cerca de 30 segundos nada se ouve, a não ser o som de uma brisa fria que faz congelar os ossos dos espectadores presentes. Então a torcida mostra-se mais uma vez ativa, voltando a cantar e gritar, incentivando os bravos jogadores, mesmo ficando com aquele sentimento cruel e desesperador, na incerteza de que seu time será capaz de se recompor e vir a vencer a partida.

Alguns minutos se passam e vem o gol do ABC. Neste momento não me consigo me conter, começo a pular e gritar e continuo por quase um minuto inteiro. Então abraço e beijo minha esposa. É um sentimento único.

Passam-se mais alguns minutos e vem o segundo gol do ABC. Novamente pulo e grito de alegria, aquele sentimento único volta, desta vez ainda mais forte. São milhares de vozes gritando junto com a minha. Até mesmo minha esposa, mais contida na primeira comemoração, pula e grita, talvez nem tanto por estar feliz com o gol do ABC, mas com a minha própria alegria. Meus olhos chegam a lacrimejar.

Emoções a parte, notamos que o placar eletrônico já não funciona tão bem. Algumas partes estão apagadas. Mais um alô para a diretoria... 

O tempo passa e o jogo continua tenso. O segundo tempo é mais equilibrado, mas novos gols não acontecem. Ao apito final do ábitro a alegria se completa e é só então que a multidão começa a deixar o estádio. Na saída, novo engarrafamento e mais 45 minutos para chegar em casa. É pouco, se compararmos à alegria e às emoções vividas numa noite tão agradável.

Fico aguardando pelo próximo encontro no Frasqueirão, com a esperança de poder reviver os sentimentos que nos fazem lembrar que estamos vivos.

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